Consciente da necessidade de redefinir o significado das práticas artísticas nas nossas sociedades e concretizando, em termos práticos, as grandes ambições do Novo Bauhaus Europeu, a COAL está a desenvolver um projeto de 2024 a 2026, em colaboração com cinco parceiros europeus, com o acompanhamento científico do Centre des Politiques de la Terre e do Institut Michel Serres, e com o apoio da Europa Criativa. Este programa, Territórios Transformadores: a transição performativa através das artes, tem como objetivo explorar o papel das artes e das práticas artísticas transformadoras numa escala territorial.
Os seis intervenientes culturais reunidos no programa de cooperação Territórios Transformadores têm vindo a trabalhar há muito tempo em prol de uma aliança entre arte e sustentabilidade. O seu objetivo é contribuir para o desenvolvimento de uma cultura de sustentabilidade, de forma a criar e corporizar outras narrativas artísticas, científicas e políticas de transformação ecológica e solidariedade nas nossas sociedades. Cinco deles fundaram espaços culturais atípicos e não institucionais, verdadeiros laboratórios ao ar livre, onde podem experimentar “ecotopias” concretas e realistas. Em particular, estes espaços são caracterizados pela sua localização rural ou agrícola, o que favorece uma ligação com as realidades do território local, da vida quotidiana, da diversidade biológica e dos ciclos naturais.
O INLAND-Campo Adentro (Espanha) é um projeto que conecta arte e ruralidade, com base em Madrid, Maiorca e nas montanhas do Norte de Espanha, com uma Escola de Pastores, uma editora e outras iniciativas. Foi iniciado pelo artista e agroecologista Fernando Garcia Dory, em 2009.
O artista Olivier Darné, com a Zone Sensible, criou uma quinta de permacultura em Saint Denis, nos arredores de Paris (França), com o objetivo de reencontrar o encanto das paisagens desfiguradas dos subúrbios e revelar a sua riqueza.
Na Bohemia (República Checa), a artista americana Barbara Benish criou a quinta ArtMill, no local do antigo moinho Červený Mlýn, um espaço dedicado à experimentação artística sustentável, situada e não hierárquica, onde se cruzam as escalas locais e internacionais.
Desde 2019, a Locus Athens criou o Tavros, um espaço nomeado em homenagem ao distrito de Atenas (Grécia) onde está localizado e em referência à sua história migratória turca, promovendo uma arte comprometida com a ecologia, a democracia e a igualdade.
O Instituto Terra Memória visa unir a vila de Mação (Portugal) e os seus muitos parceiros intercontinentais em torno dos desafios sociais, ambientais e culturais da transição ecológica, através da Arqueologia e da Memória. A COAL, coordenadora do programa, tem vindo a apoiar, desde 2008, o surgimento de uma nova cultura de ecologia e vida, através de ações emblemáticas. Em 15 edições, o Prémio COAL Arte e Ecologia ajudou a identificar e destacar centenas de artistas em todo o mundo que utilizam o seu talento para imaginar e experimentar soluções, tornando visíveis e acompanhando a transformação dos territórios, estilos de vida, organizações e modos de produção.
Estes seis parceiros exploram e experimentam processos coletivos para fazer as pazes com a Terra, através dos seus espaços e práticas culturais atípicas e pioneiras. Enquanto novos locais de aprendizagem e transmissão em escala regional, contribuem diariamente para a invenção de novos modelos culturais resilientes e inclusivos. Em particular, são laboratórios para experimentar e aprender aquilo que denominamos como Práticas Artísticas Transformadoras.
Impulsionadas por uma nova geração de artistas, estas práticas artísticas, nascidas de processos coletivos, participativos e transdisciplinares, variam nos registos, modos de atenção e formas de envolver outras entidades, para reconfigurar os modos de habitar a Terra. São verdadeiras soluções baseadas na cultura para a transição ecológica dos territórios. Através de investigação-criação transnacional, eventos coletivos, apoio de um comité científico, criação de ferramentas metodológicas e pela sua disseminação, o programa “Territórios Transformadores” visa promover os laboratórios de inovação que estes locais representam, bem como o potencial das suas práticas.
Com o objetivo de fortalecer a circulação de artistas, obras e metodologias neste campo emergente das Práticas Artísticas Transformadoras, de reforçar as capacidades destes locais e dos artistas que apoiam, através do desenvolvimento de pedagogias inovadoras e da estruturação de uma rede alargada, estabelecendo uma plataforma genuína de intercâmbio e apoio mútuo entre estas organizações, e de disseminar o seu saber-fazer específico e o seu potencial para todo o setor cultural e, de forma mais ampla, para outros setores da transição ecológica, ao serviço de uma transformação sustentável dos territórios e dos nossos modos de vida.